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Etapa Pelotas leva mais de 600 pessoas a seminário

A terceira etapa do seminário itinerante do programa Duas Safras superou as expectativas iniciais. Mais de 600 pessoas estiveram no Centro Português Primeiro de Dezembro, em Pelotas, no dia 12 de julho. O público acompanhou, ao longo do dia, palestras focadas em discussões técnicas e de mercado a respeito da cultura do milho e da soja em terras baixas e o sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP).

Anfitrião do evento, o presidente do Sindicato Rural de Pelotas, Fernando Reschiteiner, destaca a importância da inovação para o desenvolvimento do setor: “Foi uma satisfação ser o anfitrião do Duas Safras. O programa representa o que vem sendo feito com a agropecuária nos últimos anos no Brasil com a inovação vinda das instituições de pesquisa e sendo levada para o produtor para avançar com a produção e com a sua renda”. Para Reschiteiner, a região tinha demanda por um evento do porte do Duas Safras. A possibilidade de aumento da produtividade está ligada diretamente com a aplicação de novas tecnologias decorrentes da pesquisa. O programa une esses elos, na sua visão. “O evento caiu como uma luva com sua proposta para a região. Somos a nova fronteira agrícola (Metade Sul), e o momento pede e há um espaço muito grande para a inovação”, avaliou.

O coordenador da Regional 7 da Farsul e presidente do Sindicato Rural de Arroio Grande, Ladislau Silveira, acompanha a opinião. “Nós, da Região Sul, acreditamos muito no programa Duas Safras e dependemos muito de que esse programa, tão bem desenvolvido dentro da Federação, realmente aconteça no decorrer dos anos”, afirmou.

Silveira lembra que, por anos, a Metade Sul teve sua produção centrada na orizicultura e pecuária extensiva. “A soja veio como um incremento muito bom, mas como substituição. Não seria duas safras, mas uma rotação de culturas na área de várzea e soja nas coxilhas. Mas, agora, com o acréscimo das culturas de inverno, chegando trigo, aveia, triticale, nós temos condições sim de viabilizar mais nossas propriedades, dando mais rentabilidade e otimizando mais o nosso maquinário e nossa mão de obra, transformando isso em renda para nós, produtores rurais”, descreveu.

Para o coordenador, a continuidade do programa terá êxito. “Para nós, vem muito a calhar. Acreditamos muito que esse é o caminho a ser seguido. E nós, produtores rurais da Metade Sul, com esse incremento que as entidades estão fazendo, somos muito gratos a essa alternativa que está surgindo de podermos intensificar a produção de grãos e de carne dentro das nossas propriedades”, avaliou.

O entendimento da necessidade de evolução dos processos produtivos motivou a participação de Ulisses Amaral no evento. Ele percorreu os quase 250 km entre Santa Vitória do Palmar e Pelotas para acompanhar os painéis. Produtor de soja, pecuária e arroz, ficou sabendo do evento por meio de material de divulgação que circulou nas redes sociais. “As entidades como a Farsul precisam pensar nessas questões relativas à produtividade, competitividade de mercado. É preciso ir a esses eventos e participar. Entender e fazer a análise se isso se enquadra no seu negócio”, opinou.

O produtor também demonstra preocupação com a formação profissional no meio rural e a escassez de mão de obra apta a lidar com as novas ferramentas tecnológicas disponíveis. Conforme ele, essa qualificação deve ser constante e, por isso, a oferta de treinamentos deve ser permanente.

Amaral ressalta a importância do programa. “Existe uma oportunidade grande no mercado. Temos que avaliar a possibilidade de fazer mais de uma produção durante o ano. Se é viável. Tem que ver a questão de investimento, custos. São desafios que são postos e que cada um entenda dentro do seu negócio se aquilo é viável ou não”, refletiu.

Durante a programação do dia, aconteceram quatro painéis sobre Cenários Econômicos e Mercadológicos; A Pecuária em Sistemas Integrados de Produção; Produção de Milho em Terras Baixas; e Sistema Sulco-Camalhão em Terras Baixas. Giovani Theisen, pesquisador da Embrapa Terras Baixas, mostrou opções técnicas de que a pesquisa agropecuária dispõe e que atendem à ideia do Programa Duas Safras. “Apresentamos as opções de tecnologias de manejo de grãos como a soja, o milho, o trigo em terras baixas, com a integração da pecuária. Indicamos três maneiras de aumentar a produção: avançar em áreas onde não se fazia agricultura; buscar maior produtividade; fazer mais safras por ano”, disse. Theisen citou como exemplo de avanço de áreas agrícolas o eixo entre Jaguarão e Barra do Ribeiro, que possui uma área de 800 mil hectares de superfície plana em terras baixas.

Fizeram parte do palco de abertura do evento o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, o superintendente do Senar/RS, Eduardo Condorelli, o secretário adjunto de Estado da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Rodrigo Rizzo, o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Roberto Pedroso de Oliveira, o chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemanski, o presidente-executivo da Asgav, José Eduardo dos Santos, o presidente da Federarroz, Alexandre Velho, o diretor-executivo da Fecoagro, Sérgio Feltraco, o diretor técnico do SIPS, Rogério Kerber, e o diretor da Acergs, Giancarlo Fagundes dos Santos Silva.